6.07.2011

A Anália



Salve dia d'amor sempre jucundo!
Anália encantadora
Nesta risonha aurora
Para me aventurar vieste ao mundo.

Quando assomar no apavonado oriente
Amor te viu fagueiro,
As frechas prazenteiro
Aguçou, e sorriu todo contente:

Fugiu da mãe aos amorosos braços,
E em teu rosto divino
Depor foi, de contino,
Encantos, filtros e amorosos laços.

Assim me enfeitiçaste! - assim rendida
Trago alma e coração,
Que, sem esta prisão,
Nem eu já sei viver nem quero a vida.

Anália, amado bem, tão fausto dia
Celebremos contentes;
E as flores inocentes
Colhamos desta vida fugidia:

O tempo voa, as horas despedidas
Tão ligeiras decorrem,
Murcham tão breve e morrem
Rosas que do prazer não são colhidas!...


Almeida Garrett