6.20.2011

Ausência



Tu dizes na tua última carta que as palavras
são pouca coisa e que só a circunstancia o poder
tocar-me com as tuas mãos evitaria que o cavalo
cinzento da ambiguidade comece a exigir um braço forte.
Mas eu sei o que tu queres dizer: que os teus seios
a linha das tuas pernas no veludo das calças
os fios loiros que no teu pescoço imitam
os quadros de Botticelli as violas de Vivaldi são
as papoilas vermelhas que deixaram de estar
no que eu digo quando falo das searas de oiro.


João Camilo