6.10.2011

O Corpo é um verme



Um fato no qual não caibo
De que importa ser belo
Se me aperta no colo
O verme que o sol vomita
Bordado a pão de ló na lapela
Fujo para que não me encontre
Porque quero ser outro desenho
Que ninguém custurou em Paris
Enquanto lhe cuspo o pó da traça
Que trás dentadas de um cão
Desconheço quem mo deu
Não mo passem a ferro
Que a vida é engelhada
Mas se mo deram com gosto
Deixa-o chupar o desgosto
No céu estrelado do chão
Desaperta-mo em gritos de gozo
Em chuva lambendo-o tão bem!


Manuel Feliciano