8.11.2011

Poema


Chegas com gaivotas
veleiro contra o vento
e tudo o mais sobra.

Cerro os olhos:
dentro das pálpebras
o desenho do teu rosto.

Teu corpo,
um aceno às aves
que alto voam.

Sumptuosa coberta de seda
contra a minha pele, a tua.

Com a sombra das árvores
confunde-se a seiva
e a sede que nos uniu.

Ficaram por colher
em tuas mãos as cores
exultantes do Verão.

Lá fora a minha solidão
vagueia com a tua ausência.

Levo a mão ao rosto
para enxugar uma lágrima tua.

No teu rosto
leio com ternura a ruína
que ameaçou o meu


Flor Campino