11.03.2011

A suspensão do mundo



traço o dorso da frase
como o desenhador
que sobre a superfície pura
delineasse a curvatura
das tuas espáduas:

numa liberdade total
numa suspensão
quase asfixiante.
como uma tarde que resistisse
a declinar no clarão final
das tuas nádegas,
no aveludado êxtase
do seu volume.

enquanto por todo o chão
se espalham e se adensam
as ervas odoríferas

modelo cada vértebra
da tua coluna,
e sob o amarelo da pele
o tempo vai emergindo
numa escassez fóssil

quase irrespirável.

é assim que a tua beleza
se completa, atrai
e atraiçoa.


Vítor Oliveira Jorge