12.11.2011

Temor de não haver Deus



Temia não ressuscitar de novo:
eram tantas as mortes, que vivera
no decurso da sua vida até agora,
que morria pra não viver já morto

E continuava cego, só e absorto,
pálido entre símbolos de cera,
a caminhar no tempo, sobre a hora,
tal como sobre a água em passo curto

De tudo o que aprendera não constava
nada, que o ensinasse a morrer já
sem perguntar a Deus, se Deus existe

A certeza maior da sua fé
à maior alegria não quadrava,
mas somente à menor, que é quase triste

António Barahona