6.07.2008


Nostalgia


Longe de mim está o sonho.
Dos lugares onde existi.
Das correrias que partilhei.
Dos gestos trocados por sílabas;
formas de carinho retiradas das sombras;
no granito das paredes;
nos passos na calçada;
escutando a luz do sol;
esperando gota a gota que a água refresque as palavras.


Longe de mim está a minha alma.
Nunca terei partido.
Nunca terei chegado...
Reencontro imagens de outrora.
Nem sei se existem!
Sei que partem em cada romagem ao cemitério.
São sepultadas na memória de uma nova ausência.
Uma vida desfeita em suor;
suportada na saudade;
no desfazer da lágrimas.


Perto de mim está a multidão.
Gemendo em lamentos invisíveis.
Suportando a descompostura da indiferença.
Neste labirinto me procuro.
Não desisto da solidão.
Atiro-me para este grosseiro ruído.
Finjo que é silêncio.


José Gomes Ferreira