9.04.2008

E não te chamas Cristo



Tens o crucifixo de muitas chuvas
cravado na palma da mão
com que matizas a terra
em tempos de kebur

Tempo finado
tempo fincado no peito da dor
disputando a sobra do cuntango
Tempo enlutado
tempo anoitecido
no entardecer da esperança

Na curvatura
do tambor onde expias o desespero
fizeram do teu corpo sepultura do medo

Negam-te o pedaço da tua tabanca
dão-te uma vida assalariada
taxam-te uns tantos por cento
para a sobrevivência autorizada

E não te chamas Cristo
e só pregas com o arado.

Tony Tcheca (poeta guineense)