7.29.2010

Soneto


Tão triste eu ando já, e descontente,
Que meus olhos de todo se fecharam
A visão radiosa que sonharam…
- Um lar, um ninho, e um amor ardente…

Gastei a Mocidade loucamente,
E a alma, ou a perdi, ou m’alevaram,
Enquanto a delirar juntos andaram
Cantando amores, coração e mente…

E andando assim da Fé tão apartado,
E tão sozinho nesta solidão
De quem descrente vive do que amou.

Sou qual um tú’mlo vazio e abandonado,
só encerrando a mesma escuridão…
Sepulcro de mim próprio, eis o que sou.


Bernardo de Passos