11.21.2010

A folha do salgueiro



Adoro essa mulher doce e formosa
Que à janela, a sonhar, vejo esquecida,
Não por ter uma casa sumptuosa
junto ao rio Amarelo construída...
_Amo-a porque uma folha melindrosa
Deixou cair nas águas distraída.

Também adoro a brisa do Levante,
Não por trazer a essência virginal
Do pessegueiro que floriu distante,
No pendor da Montanha Oriental...
_Amo-a porque impeliu a folha errante
Ao meu batel, no lago de cristal.

E adoro a folha, não por ter lembrado
A nova primavera que rompeu,
Mas por causa de um nome idolatrado
Que essa jovem mulher n'ela escreveu
Com a doirada agulha do bordado...
E esse nome... era o meu!

António Feijó