2.12.2007


Cálix de amargura


E a vida não responde!
Faz que não ouve, e vai direita aonde
Eu não tenho palavras.
Aí, então, às lágrimas que choro
Põe-lhes sal de silêncio
E dá-mas a beber, tão brancas e caladas,
Tão quentes da fogueira das paixões,
Que não parecem minhas:
Mas vinho que se colhe em certas vinhas
À beira dos vulcões.

Miguel Torga