4.10.2009

A harmonia inquieta



Traço um círculo, a luz perdida
do luar, ao redor do teu nome,
da memória do teu rosto ausente por
campos de férias, rios que já não
devolvem a minha imagem.

Escrevo-te cartas. As maçãs apodrecem
na cozinha. Deito-me a meio da tarde
para descansar de não ouvir a tua voz.
Compromissos para esquecer o que
chegará um dia sem sabermos a dor.

Pelas mãos a água corre,
a fronte inclinada quase toca
a harmonia quieta do lavatório.

Por momentos escuto o canto de
um pássaro na varanda,
antes de a buzina de um carro
me arremessar para o terror da manhã.


Jorge Gomes Miranda