3.24.2008


Toda a palavra ...


Toda a palavra aspira a ser a rosa do possível
para além da vertigem das raízes obscuras
Se a verdade é mais côncava que convexa
ela terá que ter os sinuosos veios da sombra

Para que essa rosa floresça é preciso subir
a um patamar mais alto do que o fundo obsceno
em que vibra uma rede inextricável
de relações de dúvidas de hipóteses

Para que ela alcance a sua graça aérea
e ganhe a suave cor de um sangue iluminado
é preciso oferecer-lhe a simplicidade do azul
e as claras perspectivas de uma janela aberta

António Ramos Rosa