5.07.2008


Em doce deslizar o dardo aceso
vai penetrando túmido e fremente
na desejosa e desejada gruta
de um veludo já espumoso e cintilante

Poderá a palavra ser essa vermelha cópula
que atinge a cúpula na fundura incandescente
e levanta o peito do mundo que uma serpente envolve
como se fosse um harmónio de mercúrio branco?

Nada mais que fugidios e cálidos fulgores
se acendem na página e não o corpo intacto
porque a palavra não atinge o alvo fulgurante
que a faz mover em deslumbrado ardor


António Ramos Rosa