5.18.2008


Natureza morta


A árvore tomba do alto, do alto
se abate vencida na fulva poeira,
quebrados seus ramos que teciam sombras,
moribundas já suas longas veias.

O gume do vento a cortou da vida
com seu rude golpe, com seu golpe largo.
E com ela toda que jaz (sem sentido),
transporta indefesa a angústia dos pássaros.

Sobre a terra dura donde germinou,
ali está perdida sem culpa evidente.
Que volte a ser árvore, que volte a ser sombra,
é o tempo que sabe, quem sabe é o tempo.

Mas a angústia densa do grito dos pássaros, essa ainda se ouve.

Glória de Sant'Anna