9.14.2009

Dois poemas das redes



I


Do polegar que faz o passo
Do rumo imóvel
As redes crescem

Também de mim e dos meus rumos
as redes entrelaço.

E as malhas
nascem dos nossos dedos
Prisões de frutos
Que o mar nos nega.


II


A lavra do mar era grande
Mas as malhas
Não tinham a largura dos seus grãos

Colhiam corpos
que vinham à tona de um sonho hebo.

Quando as mabangas
prenderam os pés das redes na lama do mar
então
As redes d’água sentiram
a espessura dos seus cabelos crespos.

Arnaldo Santos (poeta angolano)