5.02.2010

Passei a vida


Passei a vida a servir
os meus dias passei-os a chorar
no meu mundo
meu inferno.

Os braços trabalhando
para um mundo alheio
os meus dedos musicando
para o mundo alheio

Meu mundo
meu inferno.

E ainda choro hoje
mas de vergonha
de pejo
por ter vivido num mundo inferno
sem ter tido ao menos alma para morrer

Agostinho Neto (Angola)