10.09.2008

Como as gaivotas

Gaivotas

Esta onda cansada
depois do vendaval,
cheira à praia molhada,
cheira a marisco, a sal.

Traz notícias recentes
de centenas de milhas.
Inundou continentes,
brutal, desflorou ilhas.

Corais, búzios vazios,
conchas, algas em feixes,
destroços de navios
e carcaças de peixes.

Tudo à praia aportou:
bússola, gávea e leme.
A sereia apitou,
agora a onda geme.

Ante-aurora. Acordada,
sonho impossíveis rotas:
partir, de madrugada,
livre como as gaivotas.

Fernanda de Castro