8.10.2009

Corto Maltese


Nada é perfeito como a tua noite
se outro sol nela se levanta
quota parte de treva que anuncia
a traço grosso o rosto claro instante.

Olhos febris a boca estremecendo
à simples sugestão da queimadura
movimento subtil age os quadris
do frémito possante que insinua.

Barco fundeado no horizonte
movimento do vento que se espanta
se acaso luz feroz evidencia
prata liquida de fuel flagrante.

A noite inunda-te. A lua espelha no mar sua moldura
pueril respiração do peito erguendo
zona de sombra onde tudo diz
que antes mesmo da nudez já estavas nua.


Bernardo Pinto de Almeida