7.22.2008

Para sul


Na noite em que passámos o Rio Rovuma
Apontei para Sul com o nariz, com o coração, com os pés
Fiquei completamente orientado para Sul
Com esta terrível doença de febre da coragem
Que só nos deixa, camaradas, fugir para Sul.

Na noite em que passámos o Rio Rovuma
Fiquei completamente torcido para a frente
Com a minha vida como um trilho direito
Com esta terrível doença da alegria da garganta
Que só nos deixa, camaradas, cantar para Sul.

Na noite em que passámos o Rio Rovuma
O Sul estava sempre na minha frente teimoso
E como uma árvore de messassa que fosse andando
Senti o musgo e os bichos crescerem nas minhas costas
Podia vê-los crescer nas tuas costas camarada da frente
Também com esta terrível doença da impaciência nas costas
Que só nos deixa, camaradas, livres de ir para Sul
O nariz, o coração e os pés apontando.

Levo a arma atravessada na bandoleira e vou para Sul.
A Razão que nos leva para Sul, camaradas
E que é a nossa arma melhor engatilhada apontando
Para todos os lados ao mesmo tempo.


Mutimati Barnabé João
Moçambique