8.18.2011

King, Martin Luther

(in memoriam)

tua voz desliza como um pássaro aberto na lâmina do dia
ilha que se levanta e voa a partir do sol
lamento gritado da floresta por sua gazela perdida
choro grande do vento nas montanhas
ao nascimento de um escravo mais na história do vale

tua voz vem de dentro da cidade
de todas as ruas de todos os bairros e leitos da cidade onde houver um calor de pernas
contar o silêncio das horas guardadas a soco no sarilho dos ventres
com um jazz-man a assobiar na escuridão dos pares
a memória ácida dos chicotes
nos porões do mundo


David Mestre
Angola