7.20.2009

Dói fitar-te assim de norte a sul



Dói fitar-te assim de norte a sul
nesta manhã
e ver como o teu corpo se incendeia
dentro dos meus olhos.

Dói fitar-te e de repente explanar-me de baba
mesmo sem pousar-te com as mãos,
nem fazer-te
enquanto a ferida se anuncia ao porto.

Se o dia não parasse de crescer,
escalava-te já as entranhas.
Mas agora não!
Guarda o calor que te mergulha nesta ânsia
para essa véspera que logo reprincipia.

Que o amor não sobrevive à expensa das armas
nem à força deste terror de vivermos iguais,
um na carne do outro.
É preciso guardarmos longe as armas.
As armas não prestam para o tipo de adoração
que te proponho agora.

Guarda tudo isto amor,
até que eu me inspire de novo
noutro voo ao pôr-do-sol!


Adelino Timóteo
Moçambique