4.02.2011

Ocaso



Parado num calendário asteca,
O tempo configura a própria eternidade
Sem duração.
Em total comunhão
Com tudo que vivia,
Outrora decorria
Ao ritmo de inquietos corações
E pulsava também nos glifos do basalto.
Agora, aqui, na sala dum museu,
Onde cada lembrança lembra a morte,
Adormeceu num sono tumular.
E não há voz horária
Capaz de o acordar
Da lousa funerária
Que foi pedra solar.

Miguel Torga