4.29.2011

Promessa



Jamais deixarei morrer cá dentro o viés
que transforma esta amargura em poesia.
O grito que me teima, mas que tu guardas
no instante dos sentidos, saberá sempre
em mim como um sopro de vida.
E, se não vou à noite como quem vai à maresia,
começarás tu a dissipar a neblina
no horizonte dos caminhos por andar.
É-nos pouco o tempo, mas naveguemos
numa alegria sem demora. Diante do mundo,
algo mais do que esta enseada de águas
mansas, não quererá a eternidade ser parte
do abalo ou do desvario. Simplicidade apenas,
de remanso com que as horas são batidas
monocórdicas no relógio. E todos os fados
são universos de cada transeunte.


Filinto Elísio
Cabo Verde