3.04.2007





Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.

Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.

Entretanto, deixai que me não
cale:
até que o muro fenda, a treva
estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.


A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem confia a própria dor perscruta,

maior glória tem em ter esperança.


Carlos de Oliveira