3.19.2007


Vi um batuque,
baque,
bacanal!
E fiquei de olhos cansados
— pobres selvagens! —
a ver horas e horas
rolar a mesma dança
doida...

Mole e sensual
meneio de ancas e de ombros
num desvairo:
Bebedeira bamba
duma cópula carnal!:

Gemidos
idos
daquela
goela
que se enrouquece
nesse compasso
passo
dum contra-tempo,
tempo de outro compasso,
no passo da dança dela
que me extasia...

... A negra nua
e macia,
rolando pelo mole
desejo
dele...


António Pedro (poeta caboverdiano)