3.12.2007

SO-NETO JORGE, Luiza


A silabar que o poema é estulto
o amado abre os dentes e eu deslizo;
sismos,orgasmos tremem-lhe no olhar
enquanto eu, quase a rimar, exulto.

Conheço toda a terra só de amar:
sem nós e sem desvãos, um corpo liso.
Tenho o mênstruo escondido num reduto
onde teoricamente chega o mar.

Nos desertos-íntimos, insuspeitos-
já caem com a calma as avestruzes
-ou a distância, com os oásis, finda;

à medida que nos arcaicos leitos
se vão molhando vozes e alcatruzes
ao descerem ao fundo pego, e à vinda.


Luiza Neto Jorge