3.05.2007

Para criar tua alma e teu semblante


IX

Marília, nos teus olhos buliçosos
Os amores gentis seu facho acendem;
A teus lábios voando os ares fendem
Terníssimos desejos sequiosos:

Teus cabelos subtis e luminosos
Mil vistas cegam, mil vontades prendem;
E em arte aos de Minerva se não rendem
Teus alvos curtos dedos melindrosos:

Reside em teus costumes a candura.
Mora a firmeza no teu peito amante,
A razão com teu riso se mistura:

És dos céus o composto mais brilhante;
Deram-se as mãos Virtude e Formosura
Para criar tua alma e teu semblante.


Bocage