7.10.2007


As nuvens, não construídas, engendradas

no repouso, não ideias mas formas

que respiram e caminham e quase falam,

são a fluência de um princípio que não cessa

e tudo o que vai ser, na mais viva iminência.

Assim um deus criaria o espaço puro

no sopro do desejo,

avançando no silêncio como um barco.

Assim, não para construir, mas para abrir

através da sombra, através da cinza,

e para além, das palavras, as portas indecisas

e que brilhem os signos e as figuras

indecifráveis.

António Ramos Rosa