7.12.2007


Denúncia


Acuso-te, Destino!
A própria abelha às vezes se alimenta
Do mel que fabricou…
E eu leio o que escrevi
Como um notário um testamento alheio.
Esvazio o coração, cuido que me exprimi,
E vou a olhar o poço, e ele continua cheio!

Acuso-te e protesto.
É manifesto
Que existe malvadez ou má vontade!
Com a mais humilíssima humildade,
Requeiro, peço, imploro…
Mas trago às costas esta maldição
De sofrer com razão ou sem razão,
E de não ter alívio nas lágrimas que choro!


Miguel Torga