7.13.2007



Um disco de uma negra densidade
a coisa sem nome, irradiante embriaguês.
Terei tocado a sombra, a sequiosa luz?
Vibro no vazio do vento, vivo com as pedras,
em ondas oscilantes, entre pequenas ilhas.


Uma coisa germina, volúvel, subtil,
da guerra silenciosa à silenciosa música.
Um tranquilo relâmpago, um gesto da paisagem.
Ainda não um nome. Uma dança. Um desenho.
Uma poeira de ferrugem na água transparente.


Este é o lugar do meu desejo, na leveza
de uma estrela. O obscuro liberta-se em miríades
fosforescentes. As linhas cantam ao primeiro álcool
da respiração. O corpo completa-se
no vermelho sono de uma vibrante folha.


Aniquilado, vagaroso rosto, que se forma no centro
da folha inicial. As pedras ouvem, o arbusto vê
O mar, não uma lâmpada, acende a mão deserta:
Ninguém separa já a palavra dos meus dedos.
A presença é o esquecimento no seio do abandono.

António Ramos Rosa