10.02.2009

Cai o pano do sol


Cai o pano do sol
no palco das sepulturas.
Aos montes jacentes dão voltas
sebes e muros aluídos
guiando excursões do olhar
que vai da multidão reunida
às oliveiras mais antigas,
e destas, mergulhando,
às formigas.

Não está porém destinada ao sol
a cova, mas a ti, astro bem menor,
e antes da cova é preciso
não dar pretexto aos vermes,
endurecer a última casa,
vê-la em sonhos impenetrável,
sulcando segura as águas de um grande rio
contigo a bordo.


Rui Lage